sábado, 9 de março de 2013

GUEST POST: ÀS MULHERES QUE COMEÇAM A SE INTERESSAR PELO FEMINISMO

É interessante como cada pessoa tem sua própria história de como chegou ao feminismo. Nenhuma história é mais legítima que outra, óbvio. 
Eu sou muitas vezes criticada por lembrar que sou feminista desde criancinha, mas esta é a minha realidade, que não me faz nem melhor nem pior que qualquer outra feminista, ué. Sei, no entanto, que venho de uma posição de privilégio. A N. me enviou a sua história, com um convite para todas as meninas.

Por que eu me tornei feminista? Poderia citar que me irrito com o fato de não poder andar pelas ruas de São Paulo sem sem assediada (e olha que não sou nenhuma beldade). Eu poderia citar que sou e vejo mulheres sendo abusadas moralmente e verbalmente (sendo silenciadas ou ignoradas pelo simples fato de serem mulheres). Eu poderia citar tantas coisas… Mas infelizmente, uma delas é o meu motivo maior.
Fui abusada quando era pequena. Diversas vezes. A primeira delas foi na casa de amigos dos meus pais. Meu irmão tinha nascido fazia pouco tempo, devia ter alguns meses. Não tinha colchão pra eu dormir com a minha mãe, então fiquei no quarto de uma das filhas mais velhas do casal de amigos dos meus pais. Ela saiu pra trabalhar e eu fiquei lá, dormindo. Acordei sentindo movimentos dentro da minha calcinha. Não abri os olhos, achando que era um amiguinho, neto desse casal, e queria dar um tapa nele e assustá-lo. Mas quando dei o tapa, a mão era muito mais pesada do que eu poderia imaginar. Abri os olhos assustados e vi, na minha frente, o também assustado “amigo” dos meus pais -– a quem eu chamava carinhosamente de vô. Ele saiu apressado do quarto.
Não, eu não assustei o menino, de quem eu não tinha medo porque era crianca como eu. Fui assustada por um homem feito, com filhas crescidas, me acariciando -– se é que tal toque pode ser chamado de carícia -– por baixo da calcinha. Uma menina que nem pelos tinha. Não consigo imaginar que tipo de atrativos tinha uma garota de 7 anos, dormindo, para um senhor que me despertava um carinho de neta. Que nojo!
Não me recordo de muita coisa, mas a sensação do susto e de abandono nunca me deixou. Fui correndo pro quarto onde a minha mãe estava, pra ficar perto dela e me sentir segura. Mas o meu irmão, que tinha poucos meses, estava dormindo, e ela me deu uma bronca porque eu “poderia acordá-lo”. Não a culpo de maneira nenhuma; como ela ia adivinhar? Mas ter passado por aquilo e ser enxotada de perto da minha mãe, minutos depois, me fez, pela primeira vez, lidar com o absurdo da solidão.
Meses depois, contei pra minha mãe. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. Falei com desenvoltura, mas por dentro o coração batendo de medo e culpa. Não lembro o que ela falou pra mim, sei que me acolheu e senti um misto de raiva e alívio. Raiva por ter sido acolhida tanto tempo depois e alívio por finalmente ter sido acolhida. Ela contou pro meu pai e até hoje não sei que providência ele tomou. Só sei que não foram suficientes, pois, a meu ver, ele deveria ter denunciado o tal do “vô”.
Dois anos depois, jogando videogame sozinha no quarto de uma prima, o marido dela me pediu para que ficasse em pé. Fiquei, sem saber o motivo. Ele me encoxou. Coloquei o controle no chão, sem dar um pio e nem pausar o game e fui pra cozinha, morta de raiva e de vontade de gritar pra todo mundo o que ele tinha feito. Contei pra minha mãe e morreu ali.
Passaram-se três anos e novamente aconteceu. Dessa vez com o perueiro que me levava e me buscava na escola. Ele me encoxou enquanto eu subia na perua. Desacreditada com as consequências, não contei pra ninguém, mas era bem esperta e dava um jeito de não ser a última a subir na perua. Um dia, sem mais nem menos, a professora da escola onde eu estudava ligou pra minha mãe pra falar sobre o perueiro da filha dela, que era também o meu. A filha dela havia reclamado dele porque ele a chamava de gostosa.
Minha mãe me contou e então eu abri o jogo. Os pais da minha amiga resolveram tomar uma providência. Sei que eles, meus pais e os dela, se reuniram com o perueiro e com a mulher dele pra falar sobre o caso. Continuamos indo na mesma perua, e o perueiro nunca tocou no assunto. Não sei o que falaram, mas deu certo.
Tudo isso ficou guardado dentro de mim, até o momento em que eu comecei a ler o blog da Deborah. Tudo o que ela escrevia fazia tanto, mas tanto sentido, que comecei a pesquisar a respeito, e vim parar no seu blog, Lola. E então comecei a questionar as pessoas, dentro das minhas possibilidades (convívio digital e real) sobre o império do machismo, vulgo patriarcado, no mundo em que vivemos.
Esses questionamentos afastaram várias pessoas de mim. Na época doeu, mas hoje agradeço. Lamento o afastamento de apenas uma dessas pessoas. Não sei se ela vai chegar a ler esse depoimento. Mas arrumamos uma encrenca por causa do Dia da Mulher no twitter, no ano passado. Eu twittei, o dia todo, sobre a tal da rosa, que eu não queria, que queria respeito, dignidade, salário justo, ser ouvida, chegar ao meu destino sem ser atormentada. E, com uma indireta bem reta pra mim, ela me chamou de mal humorada. Por causa da minha luta.
Mas eu já sabia que feminista leva fama de mal humorada só por ser feminista. Lamentei o fato de ela não enxergar tal realidade, e deixei que ela partisse para o convívio com amigos mais bem humorados do que eu.
Por essas e outras, vai um recado pra quem está começando a se identificar com o feminismo. Você tem um motivo para lutar, ou não estaria se identificando. Pode não ter sido abusada como eu, mas existem tantos outros motivos. Não se perca. As pessoas vão embora da sua vida porque você está se tornando chata, cri cri, briguenta, mal humorada. Deixe-as partir. Se elas não enxergam os seus motivos, mesmo depois de você explicar mil vezes, deixe-as, mas não se limite por causa delas. 
Lute do seu jeito. De forma agressiva, de forma sutil, de qualquer forma, mas não deixe de lutar e também não deixe que digam a você como lutar. Mulheres como eu e você estão só esperando pela deixa pra se libertarem e se reinventarem como autoras de suas próprias vidas.
Suas palavras podem salvar uma vida. Não cale o seu feminismo. Agradeço por todas as que não se calaram. Hoje posso dizer que caminho para a liberdade. E a minha liberdade está em lutar!

53 comentários:

Anônimo disse...

Como o feminismo aborda a questão, segundo Jean Wyllys: Como o senhor avalia o surgimento de movimentos neofeministas como o ucraniano Femen, que realiza protestos na Europa contra a prostituição?
Wyllys - Existem feminismos no plural, e não feminismo. Eu não vou falar do Femen, porque não conheço essas meninas, para além de elas colocarem o peito na rua. Mas eu conheço o feminismo de longa data, eu me considero feminista e tenho muitas amigas feministas. Há um feminismo de viés esquerdista e socialista que é abolicionista, ou seja, quer abolir a prostituição, porque considera a prostituição um subproduto do regime capitalista. Esse discurso é equivocado, na medida em que antes do capitalismo já existia a prostituição. De mais a mais, todos somos mercadoria numa sociedade capitalista, todos nós vendemos a nossa força de trabalho, utilizamos o nosso corpo para empreender e executar esse trabalho. Não é por conta disso que a gente vai negar a uma categoria os direitos trabalhistas. O outro equívoco desse feminismo socialista é que ele advoga pela autonomia da mulher sobre o seu corpo, e aí quer tutelar o corpo da mulher dizendo que ela não tem o direito de prestar um serviço sexual com o seu corpo. Que história é essa? Então você faz um discurso de que quer libertar a mulher e de que a mulher é dona de seu corpo, que não se pode tutelar o corpo da mulher, para tutelar o corpo da mulher? Ora. Tanto é que na França há um embate entre a ministra dos Direitos das Mulheres [Najat Vallaud-Belkacem, que é feminista abolicionista] e o movimento das prostitutas, que dizem "nós escolhemos ser prostitutas, não somos vítimas. A gente só quer trabalhar com dignidade e garantir os nossos direitos". Ou seja, a mulher tem que ter autonomia sobre o seu corpo, inclusive para se prostituir, se ela quiser. E há ainda um terceiro ponto no discurso dessas feministas, que as coloca ao lado da Igreja. Se estas feministas lutam pelo direito ao aborto, como elas podem dar mão à igreja contra o direito à prostituição? Não lhe parece um paradoxo, que elas defendam o direito ao aborto e neguem à mulher o direito a se prostituir? Isso é moralismo e um policiamento da sexualidade feminina. disponível na integra em: http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2013/01/15/deputado-quer-aprovar-ate-a-copa-do-mundo-projeto-de-lei-que-regulariza-a-prostituicao-no-brasil.htm

Aninha disse...

Sempre ouvi dizer que quase toda mulher tem uma história de horror para contar.

Com o passar do tempo, começo a acreditar que quase toda mulher tem DUAS histórias de horror para contar...

Iza disse...

Gostei muito do post da A. N., acabei me identificando um pouco. Quando eu tinha 7 anos também fui estuprada por um primo que tinha uns 14 anos. Nunca tive coragem de contar pros meus pais.
Além disso, a minha mãe e meu pai sempre foram muito machistas, e por isso, eu desde que tinha uns 8 anos, tinha que limpar a casa e lavar a louça, enquanto os meus irmãos não faziam nada. Eu sempre fui a birrenta e encrenqueira, porque queria que as tarefas fossem dividas igualmente. A desculpa da minha mãe era sempre que eu era a mocinha da casa e por isso deveria fazer as tarefas.
É muito triste ter que conviver com pessoas da própria família com esse tipo de pensamento. Até uns dias atrás, a minha irmã mais nova era agredida fisicamente pelos meus irmãos mais velhos, e ninguém fazia nada (pois eu não moro mais com eles, só sabia das coisas depois), e minha mãe dizia que ela merecia por ser mal educada. Até hoje eu tenho depressão por causa dessas coisas.
O feminismo me ajudou muito, pois as vezes eu duvidava das minhas convicções e achava que talvez eu estivesse errada mesmo, porque era o que todo mundo me falava.O feminismo é libertador, todas as mulheres, tenham sofrido violência ou não, deveriam abraçar o feminismo.
Lola, parabéns pelo blog.

Anônimo disse...

Cada dia mais eu creio que uma sociedade separada emtre homens e mulheres ,seja o caminho para nossas liberdade.

Anônimo disse...

Pedir que as mulheres tenham sentimentos românticos para com os homens, não e o mesmo que pedir para amar seu opressor ?

Anônimo disse...

Infelizmente tenho um percurso de abusos muito parecido, desde criança e também, quando eu tinha 17 anos, passei por uma fase depressiva e o médico ao invés de me ajudar também tentou abusar (ou abusou, sei lá, até hoje não sei onde estão os limites, se está no meu sentimento, foi abuso, ainda mais que fui ver o fdp procurando ajuda). Uma vez, contando tudo para uma psicóloga eu disse que o que mais me incomodava era o fato de não ter feito nada e ela me disse que eu tinha feito, eu tinha feito o que eu podia, eu tinha fugido a cada vez. Acho que um pouco como você fez. Nunca contei para meu pai ou minha mãe, eu sou a filha mais velha e sempre achava que eles já tinham problemas suficientes. Era assim que eu agia, é uma solidão terrível. Sim, o feminismo me ajuda muito também, talvez até mesmo mais que as análises que já fiz. Hoje prefiro ficar no anônimo, conheço muita gente que vem a esse blog porque eu mesma o indico e essas pessoas não precisam saber isso sobre mim.
Abraços a todxs.

Raven Deschain disse...

Oi Lola. Sou leitora nova e sou obrigada a dizer que vc mudou vários pensamentos que eu tinha. Consegui, com o seu blog, perceber que estava errada em vários aspectos mesmo me considerando protetora dos animais. E obrigada por isso. No mais, off-topic: VIU isso? Eu fiquei de queixo caído com as atitudes da menina. Ela tem uma baita pensamento.

http://180graus.com/noticias/menina-de-12-anos-reage-e-corta-estuprador-com-um-caco-de-vidro

Repare o tom tendencioso do texto.

Elaine Cris disse...

Eu ainda me espanto com a quantidade absurda de pedófilos, como eles se sentem livres pra agir e como na maioria das vezes fica por isso mesmo, tomam somente uma bronca, uma ameaça.
Incrível como o nosso corpo é menos considerado que qualquer objeto, qualquer propriedade privada. Porque um ladrão é imediatamente preso, perde emprego, fica difamado, um abusador nem sempre.

Renata* disse...

RavenClaw~, você viu as notícias relacionadas, logo em baixo?
É de arrepiar. E a cada uma que você abre, as outras relacionadas são piores, e piores... credo.

Ah sim, gente, não esqueçam de assinar a petição pelo afastamento do deputados Marco Feliciano!!!!

http://www.avaaz.org/en/petition/Pelo_afastamento_do_deputado_Marco_Feliciano_PSCSP_da_comissao_de_Direitos_Humanos_da_Camara/?fpPDIcb&pv=11

Haverão protestos em várias cidades!
O do RJ vai ser amanhã (10/03), no posto 9, em Ipanema, às 14:00!!!

Anônimo disse...

"Cada dia mais eu creio que uma sociedade separada emtre homens e mulheres ,seja o caminho para nossas liberdade."

É fácil fazer isso. Mate alguns homens (não sei por que, algo me diz que para você isso não seria nenhum sacrifício), e depois se entregue para a polícia. Você será transferida para uma sociedade na qual existem apenas mulheres. Um presídio feminino. Vale lembrar que quanto mais homens você matar, mais duradoura será a sua estada no presídio.

Com essa atitude, você mataria dois coelhos com uma única cajadada. Além de livrar o mundo da presença de alguns opressores odiosos, você ainda conquistaria um passaporte para viver em uma sociedade composta apenas por mulheres. Oportunidade imperdível.

"Pedir que as mulheres tenham sentimentos românticos para com os homens, não e o mesmo que pedir para amar seu opressor ?"

Se você conseguir provar que todas as mulheres acreditam que os seus namorados, maridos, os homens com os quais elas nutrem sentimentos afetivos, não passam de opressores diabólicos, então sim. Caso contrário, irei supor que você não passa de uma Solanete, e das mais entusiastas.

Hingrett disse...

Sim nos somos julgadas por exigir nossos direitos. As pessoas te olham com uma cara de "Você se importa demais pare com isso!".É como se dissessem pra nos conformarmos com toda merda que jogarem na gente.

Anônimo disse...

"Pedir que as mulheres tenham sentimentos românticos para com os homens, não e o mesmo que pedir para amar seu opressor ?" - Não, isso é generalizar e falar que todo homem é opressor, o machismo é opressor, não os homens

jacmila disse...

Algum@ sociólog@ de plantão pra comentar?

"O mesmo ocorre quanto a atitude dos marxistas relativamente a opressão das mulheres. Enquanto combatemos contra todas as formas de discriminação e opressão, devemos decisivamente rejeitar o feminismo burguês e pequeno-burguês, os quais vêem o problema essencial como um conflito entre homens e mulheres, não como uma questão de classe.
Realmente, toda a história do movimento mostra que a questão de classe é fundamental, e que sempre tem havido uma luta acerba entre as mulheres das classes oprimidas, que simbolizam a mudança revolucionária, e as mulheres bem-nascidas "progressistas" que meramente usam a questão da opressão da mulher para seus próprios fins egoístas."

Destaquei este trecho, q me incomodou, do texto publicado pelo Sintrasem de florianópolis, podem -lo na íntegra na pg deles no FB ou na minha Machismo na Ilha da Magia.

Vanessa disse...

Sempre ouvi dizer que quase toda mulher tem uma história de horror para contar.

Com o passar do tempo, começo a acreditar que quase toda mulher tem DUAS histórias de horror para contar...

Estou tendo essa mesma constatação...Muito triste isso, revoltante e enojante.

Anônimo disse...

Bonito texto, Dolores...

Carol disse...

Também sou relativamente nova no assunto de feminismo, conheci o blog ano passado e desde então tenho pesquisado muito sobre diversos temas, lido diversos blogs e me aprofundando mais.
Eu diria que vivi numa bolha, pois nem conhecia o termo feminismo e o que implicava, também não compreendia o termo machismo. Mesmo vivendo em uma família educada e pouco machista, também não escapei de ser abusada pelo menos 1 vez, quando fui encoxada por um pai do amigo do meu irmão (e eu era tão ingênua que não tinha idéia do que o homem estava fazendo).
Mas o que eu venho pensando é, o feminismo fez muitas coisas para a mulher, leis, direitos, podemos fazer muita coisa que a 50 anos atrás nem podíamos sonhar.
Será que o femismo atual, luta mais para a mudança de cultura? E conseguente, da forma de pensar? Afinal, cultura muda lentamente e 50 anos não é suficiente para mudar uma mentalidade.
Temos leis para nos ajudar, porém as vezes (muitas vezes), não são aplicadas. Isso mostra que isso não é suficiente.
Mas qual a melhor forma de mudar uma cultura e mentalidade? Essa é uma pergunta sincera, pois eu realmente não sei.
Aguardo uma resposta

Cora disse...


feminismos. feminismo, esse eterno desconhecido. sempre criticado, odiado, incompreendido, temido. impressiona como o homem teme perder seu status. como se proporcionar autonomia à mulher representasse alguma ameaça à autonomia do homem. como o homem se apavora ao imaginar ser tratado pela sociedade e pela mulher, como a mulher é tratada pela sociedade e pelos homens! é esse o pavor masculino. e se a lógica se inverte? eles se perguntam. isso sempre fica muito claro nas queixas masculinas ao feminismo. impressiona como eles se incomodam com um único texto q desmerece e inferioriza o homem, o texto de solanas, mas não percebem q um discurso exatamente como o dela é repetido há pelo menos 6.000 anos, desmerecendo e inferiorizando a mulher. discurso vivo até hj. mas eles nem notam. nem notam o discurso q eles mesmos utilizam. e qdo mostramos a violência dos discursos, somos rotuladas de exageradas, sentimentais e vitimistas.

q muitas e muitas mulheres descubram e se apropriem do feminismo. só a força da mulher derrotará o machismo. só a rejeição da mulher a toda e qualquer atitude machista, derrotará o machismo. só a reação da mulher derrota o machismo. só a educação não machista derrota o machismo.

o caminho é longo.

e já dizia mario quintana,

“(...) porque são os passos que fazem o caminho!”.

Cora disse...


felipe,

vc ficou bastante incomodado com os comentários anônimos e elaborou uma resposta desaforada, mas q demonstra pouca compreensão da violência de gênero.

observe q outro anônimo respondeu de forma muito mais adequada...

“Não, isso é generalizar e falar que todo homem é opressor, o machismo é opressor, não os homens”

... localizando o problema.

perceba q, com o seu incômodo, vc poderia ter escrito isso! mas apenas se sentisse qq empatia com a causa defendida aqui. o q não ocorre. vc insiste em considerar qq coisa dita aqui como um ataque pessoal e não como crítica a uma ideologia compartilhada pela sociedade, compartilhada por homens e mulheres.

mas, o q me incomodou no seu comentário foi isso:

“Se você conseguir provar que todas as mulheres acreditam que os seus namorados, maridos, os homens com os quais elas nutrem sentimentos afetivos, não passam de opressores diabólicos, então sim.”

o q importa então, não é o homem ser ou não um opressor, mas a mulher acreditar nisso ou não.

quer dizer, o homem pode ser um opressor (talvez até seja), mas se ele fizer a mulher acreditar q não, tá td ok.

algo me diz q a lógica do machismo e do patriarcado seja justamente essa. travestir a opressão e o controle de cuidado e proteção.

Anônimo disse...

Também me identifiquei com essa história, pois sofri abuso desde criança e pelo meu próprio pai, sentia muita vergonha e não conseguia pedir ajuda a ninguém.Mas hoje sei que jamais ficarei calada novamente se sofrer abuso ou se souber que alguém está sofrendo.

Nih disse...

Esses anônimos que vem aqui pregar ódio aos homens são mascus disfarçados tentando provar que o feminismo prega ódio aos homens.

Certeza absoluta disto, até mesmo porque, já vi machistóides dizendo a mesmíssima coisa.

Anônimo disse...

Afirmar que o machismo oprime as mulheres, e não os homens, para mim soa como dizre que o nazismo oprimiu os judeus, e não os nazistas.
Até quando muitas de nós vamos continuar acreditando em um feminismo limpinho cheirosinho, não entendendo que se deve tomar um posicionamento mais firme e incisivo, contra o machismo e os machistas, que são maioria esmagadora entre os homens

Clara disse...

Eu cheguei ao feminismo graças ao bom e velho Orkut, no dia em que estava soltando aquele discurso cretino de "mimimi o feminismo não me representa" e alguém que eu não conhecia me mandou uma mensagem privada explicando em detalhes por que eu estava tão equivocada a esse respeito.

Em suma: fala mal do feminismo mas é mulher, dirige, vota, é alfabetizada, estudou, fez faculdade, tem emprego, escolhe se quer ou não casar, escolhe se quer ou não continuar casada, opta por ter ou não filhos e faz uso de contraceptivos.... POSER.

Clara disse...

"Com o passar do tempo, começo a acreditar que quase toda mulher tem DUAS histórias de horror para contar..."

isso se for uma pessoa de sorte, convenhamos.

Teresa Silva RJ disse...

Oi Lola: aconteceu na Universidade de Glasgow coisa parecida com o que aconteceu na USP de São Carlos: alunas vão participar de um debate e escutam insultos misóginos.

http://www.dailymail.co.uk/news/article-2290789/Men-talk-openly-rape-potential--vile-clever-women-like-Cambridge-undergraduate-tells-shocking-abuse-male-students-elite-university.html

Leticia disse...

Achei interessante quando ela falou sobre as pessoas que se afastam de vc por causa do feminismo. Eu me assumi feminista há muito pouco tempo e várias pessoas já se afastaram de mim, outras evitam tocar em certos assuntos (apesar de eu ser bastante diplomática).
O mais triste e engraçado foi ouvir de um amigo gay após eu dizer que era feminista uma frase do gênero "mas você não vai parar de depilar o buço, não é?"
É o tipo de atitude engraçadinha e imatura que não tem graça nenhuma, como se o feminismo fosso só uma luta constante contra a depilação. É difícil fazer até outras minorias, no caso dele os LGBT, se incluírem com esse tipo de pensamento tão estereotipado.

Ser feminista é viver em constante luta contra os outros e sendo considerada chata ou séria demais. Mas nenhum ônus tira o prazer e a liberdade que o feminismo me proporciona. A cada vez mais conheço pessoas feministas, em breve não seremos mais uma minoria.

Aline disse...

Lola você viu esse texto, onde estão criticando o Sakamoto por ter escrito um texto dizendo que meninos deveriam brincar de boneca e casinha? O pior é que te citam: "Novamente apelou ao que seus leitores progressistas mais gostam: idéias pseudo-”chocantes” que são apenas imposições de deveres a quem não gosta, sob um discurso de bom-mocismo defensor da liberdade. Uma Lola Aronovich na anfetamina."

Fiquei bem triste com isso... ainda mais porque gostei do texto do Sakamoto.

Elaine Cris disse...

Jacmila, não sou socióloga, mas mesmo assim vou dar meu pitaco.
Acho que esse texto acaba sendo preconceituoso e ignora que mulheres de classes sociais mais altas também podem ser vítimas do machismo, muitas vezes vítimas fatais. Os casos da socialite Ângela Diniz assassinada por um namorado ciumento e mais recentemente o da estagiária de direito estuprada por colegas de trabalho, infelizmente não nos deixam mentir, só pra citar dois exemplos.
Mas claro que também não podemos desconsiderar o fato que mulheres mais pobres acabam sendo sim mais vulneráveis a vários tipos de situações.

Raven Deschain disse...

Oi Renata. Vi sim. Uma coisa mais escabrosa que a outra e ainda tenho que ouvir "que te menina de 11,12 hoje em dia que parece que tem 18". Aff...

Clara disse...

"Até quando muitas de nós vamos continuar acreditando em um feminismo limpinho cheirosinho, não entendendo que se deve tomar um posicionamento mais firme e incisivo, contra o machismo e os machistas, que são maioria esmagadora entre os homens"

contra o machismo e os machistas, que são maioria esmagadora entre os homens: eu não sei dizer se a maioria dos homens é machista mas tenho a nítida impressão que a maioria das pessoas, homens e mulheres, é totalmente indiferente ao feminismo como movimento e às questões que ele levanta, o que obviamente é uma m***a. O machismo, em muitos casos, me parece funcionar basicamente por inércia.

Eremita disse...

Gostei muito desse post porque apesar de estar há alguns anos estudando o feminismo e a história das mulheres, sinto falta de ver mais sobre o feminismo não-acadêmico. Eu me considero feminista desde pequena também, Lola. E sei que isso pode ser percebido como arrogância. A verdade é que desde sempre me questionei sobre situações que eram percebidas como naturais pelas pessoas da minha convivência, como o fato de minha mãe cobrar os serviços domésticos de mim e não do meu irmão. Com o tempo fui entendendo o que era esse sentimento de injustiça que tinha a cada vez que essas situações ocorriam. No entanto, acho que tive a epifania feminista quando entrei em contato com o feminismo negro. Sou negra, filha de uma mãe branca e um pai negro, por isso sofri muito racismo velado na família materna, situações como: "você tem o cabelo ruim" ou "como assim você quer ser atriz, mas você é negra". Durante minha infância e adolescência não tive nenhum modelo de mulher negra e isso dificultou muito minha auto-afirmação como mulher. Hoje esse tempo é passado e estou na luta pela condição das mulheres em geral e das mulheres não-brancas em particular. Gostei desse depoimento porque sinto muito ainda um certo tipo de preconceito: "ah, você é feminista, que mal amada...". Acho que a nova geração de mulheres devem ser ensinada na verdadeira história das mulheres e do feminismo para não ser aprisionada por esse sistema patriarcal. A última que eu ouvi: "Você casou? Teve um bebê? Mas, você não era feminista?". Como se o fato de ser feminista me impedisse de ser mulher (o sistema patriarcal burguês criou esse estereotipo de feminalidade que marginaliza a alteridade feminina)
Nunca comentei, mas achei que era importante de falar sobre meu caminho no feminismo. Adoro o seu blog Lola, mesmo se às vezes não concordo plenamente com suas opiniões. Fico muito feliz por essa democratização de nossa luta que você faz.

Marcelo T. disse...

"Achei interessante quando ela falou sobre as pessoas que se afastam de vc por causa do feminismo. Eu me assumi feminista há muito pouco tempo e várias pessoas já se afastaram de mim, outras evitam tocar em certos assuntos (apesar de eu ser bastante diplomática).
O mais triste e engraçado foi ouvir de um amigo gay após eu dizer que era feminista uma frase do gênero "mas você não vai parar de depilar o buço, não é?"
É o tipo de atitude engraçadinha e imatura que não tem graça nenhuma, como se o feminismo fosso só uma luta constante contra a depilação. É difícil fazer até outras minorias, no caso dele os LGBT, se incluírem com esse tipo de pensamento tão estereotipado. "


Mas não foi o machimos e o patriarcado que definiram a imagem da mulher atual?


Engraçado que os índios se depilam e no Egito isso era comum... sim mesmo tribos distantes da nossa "cultura"

Marcelo T. disse...

"contra o machismo e os machistas, que são maioria esmagadora entre os homens: eu não sei dizer se a maioria dos homens é machista mas tenho a nítida impressão que a maioria das pessoas, homens e mulheres, é totalmente indiferente ao feminismo como movimento e às questões que ele levanta, o que obviamente é uma m***a. O machismo, em muitos casos, me parece funcionar basicamente por inércia."


Justamente, a pessoa pode ser contra sem ser machista...

Anônimo disse...

Esse post parece até que foi escrito pra mim. Eu fui abusada quando criança e não devidamente amparada, até hoje luto pra lidar com isso e nunca fiz terapia por falta de oportunidade. Acho que apesar de tudo me tornei um melhor ser humano do que muitos por aí que tiveram uma vida razoavelmente perfeita. Há cerca de 3 anos eu finalmente me percebi ateia e como uma coisa leva à outra eu me descobri mais feminista do que achava que era e consumindo informações sobre o tema isso vem se reforçando em meu comportamento cada vez mais. O problema é que como eu venho falando sobre e defendendo os direitos das minorias isso inevitavelmente vem me trazendo transtornos de convívio com as pessoas próximas (mas ainda do que sempre tive) já que eu tenho uma personalidade muito forte e defendo meus pontos de vista apaixonadamente, tentando sempre evitar brigas é claro. Obviamente sou chamada de chata, mal humorada, etc.
Ta difícil e acredito que vai ficar pior, as vezes eu me sinto perdida e nem sei o que fazer; penso em engolir minhas ideias e meu ponto de vista, mas ao me deparar com aitudes de preconceito, machismo ou discriminação eu não me controlo e solto um discurso daqueles, rs. Então é isso, só escrevi mesmo como forma de desabafo, a luta interna continua.

jacmila disse...

Obrigada Laurinha pelo teu comentário. Existem sérias contradições explicitadas no comportamento de vários militantes de esquerda; no caso desse sindicato, constato q ele não quer discutir o machismo. Alguns de seus membros não disfarçam o desprezo às mulheres, especialm. aquelas q não dizem amém às suas crenças ideológicas q são as mais vividas, portanto "carne velha", na percepção machista.
Promovem festas de confraternização regadas a cerveja e depois, nos dias subsequentes, tecem comentários cheios de malícia sobre as mal-amadas-bebadas-que-deram-vexame-sozinhas-em-cima-da-mesa, só pra citar um exemplo "singelo"...

jacmila disse...

Olá Carla Francisco

Peço q comente mais neste blog, pra enriquecer o debate. Tá ficando chato esse séquito dizendo amém pra tudo q a Lola diz, rs.

Publiquei o link q vc passou sobre As cachorras de Guarda na pg do FB Machismo na Ilha da Magia. Dá um like ou um look lá,rs.

Adorei esta expressão "epifania feminista"! quero usar muito, rs. A minha epifania feminista pra valer aconteceu qdo entrei na menopausa, tanto q nem quero fazer reposição hormonal. É mto empoderadora essa sensação de ser dona de si mesma.

Aguardando mais comentários seus!

Nih disse...

Engraçado que os índios se depilam e no Egito isso era comum... sim mesmo tribos distantes da nossa "cultura"

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Na Europa, até pouquíssimo tempo, nem se falava em depilação...

Os índios praticamente não possuem pelos. Eles não se depilam, ô animal!

E os HOMENS Egípcios se maquiavam também, sabia? Vai querer se maquiar também?

E sabe o que mais tem em cultural distantes da nossa? Canibalismo, sacrifícios humanos, incesto, etc...

Vamos adotar estes "hábitos" também? Vá à merda!

Nih disse...

Em tempo: Teste para saber se você é estuprador.

https://apps.facebook.com/quizmaker/quiz.php?quizid=121650&fromresult=1

Agora ficou fácil saber quando é estupro!

Aline disse...

Nunca passei por uma situação assim, de abuso... Não assim, porque verbalmente todas nós passamos quase que diariamente né? Mas já passei por situação de o namorado não entender que não havia sido bom para mim fazer sexo com ele uma noite... E por isso terminamos... E acho que o machismo falou alto aí... Afinal, ele era o garanhão que todas as meninas gostariam de fazer sexo (?)... Menos a menina que ele gostava (gosta?) que neste caso sou eu... Ontem, não sei explicar, mas acho que eu e umas amigas colocamos alguns garotos em nosso lugar... Estavamos alteradas por causa da vodka e do energético ehehe na casa de um amigo gay... Havia um bailão ali perto e incomodamos muito os rapazes que passavam na rua... Eles não nos viam pois estávamos dentro de casa e com a luz apagada... Mas ouviam... Respeitamos claro quem passava com namorada / esposa... Mas enfim, alguns rapazes ficaram se achando o gostosão... Outros não gostaram nem um pouquinho... Hoje, passada a euforia e bebedeira, pensei sobre a noite... Caramba! Fizemos com eles o que eles fazem com nós todos os dias e sem precisar de uma bebida, simplesmente por pensarem que são os machões, e eles não sabem o quanto isso nos perturba...

Fábio disse...

A depilação entre homens,nunca foi cuturalmente difundida, pelo seu garu de dificuldade maior, vocês acham que que e mais facil tosar o que / um chiuaua, ou um yorkshire ?
O corpo do homem alem de ser mais peludo, e os pelos serem muito mais peludo, e mais vascularizado, por este motivo os homens sangram mais em cirurgias.

e não se fala mais nisto ¬¬

Clara disse...

"Ta difícil e acredito que vai ficar pior, as vezes eu me sinto perdida e nem sei o que fazer; penso em engolir minhas ideias e meu ponto de vista, mas ao me deparar com aitudes de preconceito, machismo ou discriminação eu não me controlo e solto um discurso daqueles, rs"!

Também sou assim e passo por esses "problemas de convívio" quando mostro o machismo às pessoas.

Mas a luta tem que continuar.

Anônimo disse...

GUEST POST EXCELENTE. Tudo que eu precisava ouvir... A luta continua.

Thiago disse...

Anonimo...
"Pedir que as mulheres tenham sentimentos românticos para com os homens, não e o mesmo que pedir para amar seu opressor ?"

Felipe Barreto disse...
Se você conseguir provar que todas as mulheres acreditam que os seus namorados, maridos, os homens com os quais elas nutrem sentimentos afetivos, não passam de opressores diabólicos, então sim. Caso contrário, irei supor que você não passa de uma Solanete, e das mais entusiastas.

Cora disse...
o q importa então, não é o homem ser ou não um opressor, mas a mulher acreditar nisso ou não.
quer dizer, o homem pode ser um opressor (talvez até seja), mas se ele fizer a mulher acreditar q não, tá td ok.
algo me diz q a lógica do machismo e do patriarcado seja justamente essa. travestir a opressão e o controle de cuidado e proteção.

Bom tarde Cora. O “Felipe Barreto” estava derrubando a falácia do Anonimo(que generalizou TODOS os homens como opressores). Já que se existe UMA mulher que nutre “sentimentos românticos” por um homem que NÃO é opressor, logo o argumento do anônimo não vale.
Não consegui extrair no comentário do Felipe que a as mulheres que matem relação afetivas com opressores devem acreditar que eles são protetores. Ao meu ver você extrapolou o que ele disse.

lola aronovich disse...

Eu publiquei comentário do Felipe chamando a nossa querida Cora de Solanete? Desculpe, gente, é que mal leio o que esse sujeito escreve. Só passo os olhos, e se não está muito ofensivo, publico. Mas obviamente que ele é totalmente ridículo. Se vcs acharem que já deu, que é dar licença demais prum mascutroll, me avisem que passo a deletar todos seus comentários.

Ana Lucia disse...

Em suma: fala mal do feminismo mas é mulher, dirige, vota, é alfabetizada, estudou, fez faculdade, tem emprego, escolhe se quer ou não casar, escolhe se quer ou não continuar casada, opta por ter ou não filhos e faz uso de contraceptivos.... POSER.

sensacional

Moema L disse...

"...e os pelos serem muito mais peludo..." como? hahahahahaha eu ri.

...lógica do machismo e do patriarcado seja justamente essa. travestir a opressão e o controle de cuidado e proteção....

Tenho certeza, pois a desculpa em situação de controle extremo ou total descontrole é justamente essa. Carinho, cuidado, proteção e etc...Infelizmente tem pessoas que acabam acreditando, que aquele namorado que da barraco ou não deixa sair com os amigos apenas esta tentando proteger.

...Com o passar do tempo, começo a acreditar que quase toda mulher tem DUAS histórias de horror para contar...

Se tiver "sorte" é "só" duas...triste isso.

Anônimo disse...

Eu acusei a Cora de ser uma Solanete, Lola? Eu me referi a um anônimo desmiolado aí que sugeriu que as mulheres devem viver separadas dos homens, e que afirmou que todos os homens são opressores.

Anônimo disse...

Cora,

A minha resposta ao anônimo foi proporcional ao absurdo da afirmação e, como é do meu feitio, completamente desprovida de ataques pessoais.

“vc insiste em considerar qq coisa dita aqui como um ataque pessoal e não como crítica a uma ideologia compartilhada pela sociedade, compartilhada por homens e mulheres.”

Se eu me preocupasse com ataques pessoais desencadeados por comentaristas de internet, eu já teria parado de comentar neste blog desde o primeiro dia que apareci por aqui.

“perceba q, com o seu incômodo, vc poderia ter escrito isso! mas apenas se sentisse qq empatia com a causa defendida aqui.”

Acusação presunçosa e desprovida de fundamento. Nenhum dos meus comentários dá a entender que eu não sinto empatia pelas transgressões aos direitos dos indivíduos, sejam eles homens ou mulheres. O problema é que você, ou melhor, vocês, incorporaram uma determinada maneira de ver o mundo e de interpretar os fatos a partir de verdades inquestionáveis. Então, quem não segue a vossa cartilha ideológica, não tem empatia por nada que é nobre e justo. Eu tenho muita empatia pelas mulheres, mas pouca empatia pelo feminismo.

“o q importa então, não é o homem ser ou não um opressor, mas a mulher acreditar nisso ou não.

quer dizer, o homem pode ser um opressor (talvez até seja), mas se ele fizer a mulher acreditar q não, tá td ok.

algo me diz q a lógica do machismo e do patriarcado seja justamente essa. travestir a opressão e o controle de cuidado e proteção.”

Oprimidas que vivem mais tempo e se aposentam mais cedo que os seus opressores. Oprimidas que possuem um poder de consumo tão grande, que praticamente determinam as demandas do mercado, e o conteúdo publicitário das marcas nas revistas, internet, televisão. Oprimidas que votam. Oprimidas que se elegem pelo voto. Oprimidas que possuem a liberdade de fazer tudo o que os seus opressores fazem. Oprimidas que compõem a maioria das pessoas no nível superior. Oprimidas que recebem milhões do Governo para as suas demandas de gênero. Oprimidas que não realizam os trabalhos mais perigosos e extenuantes da sociedade. Oprimidas que começam a trabalhar mais tarde que os seus opressores.

Sem dúvida nenhuma, as mulheres modernas do Ocidente Cristão, nos países democráticos, formam o tipo mais peculiar de oprimidos que a História da humanidade já testemunhou.

Anônimo disse...

Já era tempo de ter mandado esse Felipe Barreto pastar Lola é óbvio ululante que ele é um troll,olha o conteúdo das merdas que ele escreve,pra ele mulher oprimida é só aquela que usa burca no oriente médio,anda 20 passos atrás do marido e é apedrejada por infidelidade.
tsh patético demais até pra um troll que paga de cult.

Bárbara F. disse...

Concordo. Já deu desse Felipe, Lola.

Cora disse...


não, Lola, ele não me chamou de solanete, não. ele tava respondendo prum anon (muito provavelmente homem) q é radical ou finge ser, só pra que se pudesse fazer, justamente, associação com a solanas. e ele aceitou a provocação e fez a associação.

eu é q acho cansativo a forma como as coisas são tão distorcidas q os problemas reais deixam de ter importância, deixam de ser percebidos, deixam de ser mencionados pra se gastar tempo e energia malhando o movimento q dá visibilidade aos problemas, afinal, não é quem aponta o problema q deve ser enfrentado e sim o problema em si.

às vezes essa galera me dá uma preguiça!

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thiago,

seria o caso se ele tivesse dito: se vc conseguir provar q tds os homens são opressores...

e, de fato, não são. eu mesma conheço homens fantásticos. sei agora q são exceção.

(embora estejamos falando de masculino e feminino. é neste nível q as questões de gênero devem ser entendidas e debatidas. as relações pessoais são apenas reflexos, leituras dessa cultura em q o masculino ainda se sobrepuja ao feminino.)

mas ele disse: se vc conseguir provar q tds as mulheres acreditam q seus homens sejam opressores...

tem uma diferença importante entre “vc ser qq coisa” e “pessoas acreditarem q vc seja qq coisa”.

mas, vou me autossabotar (cruzes!! q falta faz um hífen!), ajudando o inimigo:

eu disse q o homem pode ser um opressor, mas se ele fizer a mulher acreditar q não é, td ok.

mas o inverso tb é válido. o homem pode não ser um opressor, mas a mulher pode acreditar q ele seja.

como o felipe nem notou isso (e eu achei q ele notaria, estava esperando uma resposta dele nesse sentido), concluo q ele saiba q sim, os homens, ou melhor, o machismo, é opressor. ele admite ou reconhece q existe uma hierarquia social, q desfavorece o feminino (isso é evidente, nem tem como negar).

“Não consegui extrair no comentário do Felipe que a as mulheres que matem relação afetivas com opressores devem acreditar que eles são protetores. Ao meu ver você extrapolou o que ele disse.”

o felipe não disse isso. eu extrapolei, mesmo. e deixei isso claro, aliás. eu disse q a lógica do machismo e do patriarcado é esta mesma, fazer as pessoas acreditarem em algo q não é real. fazer a mulher e o homem acreditarem q opressão é proteção, q controle é cuidado, q possessividade é amor. um jogo orwelliano, talvez. observe q estamos tds submetidos à essa lógica, homens e mulheres. tds presos nessa teia, alguns se debatendo pra deixá-la, outros se aninhando nela confortavelmente.

sem contar q o anon foi totalmente heteronormativo, generalizando q mulheres tem sentimentos românticos apenas por homens, e homens são alvo de sentimentos românticos apenas de mulheres, o q tá longe de ser verdadeiro. enfim, a resposta do outro anon ao falso radical foi muito mais adequada.

Cora disse...



“Se eu me preocupasse com ataques pessoais desencadeados por comentaristas de internet, eu já teria parado de comentar neste blog desde o primeiro dia que apareci por aqui.”

porra, felipe!! tô falando dos ataques ao machismo, q vc leva pro lado pessoal, como se fossem ataques aos homens enqto indivíduos. não tô falando de xingamentos à vc!! é evidente q ninguém pode ser tão sensível a ataques pessoais de outros comentaristas se pretende manter um debate com gente q pensa diferente de vc, especialmente um debate virtual!!

“Acusação presunçosa e desprovida de fundamento. Nenhum dos meus comentários dá a entender que eu não sinto empatia pelas transgressões aos direitos dos indivíduos, sejam eles homens ou mulheres.”

pq acusação presunçosa? vc não reconhece a violência de gênero!!! não falamos apenas de direitos legais aqui. e vc nunca admitiu ou rechaçou a violência machista! é mentira q vc não tem empatia pela causa defendida aqui?

não, não é. e vc escreve isso!! pq qdo eu falo é presunção, se vc mesmo admite?

“O problema é que você, ou melhor, vocês, incorporaram uma determinada maneira de ver o mundo e de interpretar os fatos a partir de verdades inquestionáveis.”

vc faz a mesma coisa, felipe!!!!! vc incorporou uma determinada maneira de ver o mundo e qq crítica a essa maneira vc tampa os ouvidos e começa num “lálálálálá num tô ouvindo lálálálálá num tô ouvindo” eterno.

as violências simbólica e moral tão aí!! as violências física e sexual tão aí!! o julgamento moral da mulher tá aí! textos misóginos estão aí! tá td aí, mas vc não vê!! abre o olho, felipe!!

“Eu tenho muita empatia pelas mulheres (...)”

eu acredito q vc tenha empatia por algumas mulheres. as famosas mulheres q se valorizam (o q quer q isso signifique na sua cabeça). mas aqui neste espaço, vc nunca demonstrou qq empatia por mulheres em situação de abuso. nem mesmo com esse trote. eu nem sequer consegui assistir o vídeo sobre o trote, do tanto q fiquei enojada e ofendida com o q aqueles caras estavam fazendo. como é possível q homens façam o q eles fizeram com aquela boneca e depois olhem nos olhos das namoradas, amigas e mães? o simbolismo é muito forte!! eu quero entender como isso funciona na cabeça de vcs, mas eu não consigo!! eu quero voltar a ver os homens como eu via antes, mas alguma coisa se quebrou e eu não consigo!! se um amigo meu fizesse o q aqueles caras fizeram, eu nunca mais olharia pra cara dele!! mas, tenho certeza q eles não fariam. ao contrário, eles iriam até lá e conversariam para q os caras parassem com aquilo. como eu sei disso? eles ficaram tão indignados qto eu!! os homens q eu conheço jamais fariam aquilo. aliás, bastava q tds dessem as costas pra eles naquele momento. mas pq não fizeram? galera tava concordando!! e pq? por conta do feminismo. o mesmo preconceito, ódio e desconhecimento q vc tem, eles tb têm.

Cora disse...

e com este comentário vc não está sendo nada emocional! não, nem um pouco!!!

pra quem se arvora tão racional e versado em história, vc apresenta um discurso q ignora completamente o contexto e a forma como os fatos se deram. ignora completamente a história q te é, em tese, tão cara.

a mulher vive mais (embora isso seja observado apenas a partir da metade do séc. xviii) em função de fatores biológicas e hábitos de vida. somos mais resistentes a infecções. não é vc q gosta de biologia? então, são os hormônios femininos, os estrogênios, q conferem à mulher melhor resposta imunológica. inclusive existem estudos sobre terapias para fortalecer o sistema imunológico, mas como envolve um hormônio feminino, poderia inviabilizar a terapia para homens.

no entanto, mulheres sofrem de um número maior de doenças, embora as doenças masculinas sejam mais graves.

e vc sabia q os infartos são mais fulminantes em mulheres? e q a menopausa iguala as chances de ocorrência de infarto entre homens e mulheres?

em relação aos hábitos, problemas decorrentes do tabagismo e álcool contribuem para menor longevidade de homens. mas, fique feliz, felipe, mulheres vivem mais, mas ficam tb mais debilitadas.

e pq a longevidade seria indicação de q mulheres não sofram com o machismo? ou então a menor longevidade não seria indicação q homens tb sofrem com o machismo?

além do que, vc quer mesmo usar fatos biológicos, q ninguém controla (como q tipo de hormônio o corpo produz), pra justificar diferenças de tratamento entre homens e mulheres? vc é mesquinho a esse ponto? isso aqui não é briga de menino e menina pra saber ganha, felipe. estamos falando de coisa séria. estamos falando de violência!!

vc sabe muito bem q a aposentadoria por tempo de contribuição é diferente pq qdo a mulher finalmente entrou para o mercado FORMAL de trabalho (pq mulheres pobres SEMPRE trabalharam, e sempre o fizeram no mercado informal, como empregadas domésticas ou costureiras, isto é, sempre longe de qq direito trabalhista), ela o fez com mais idade e submetida à dupla jornada. não há como considerar isso um prêmio ou vantagem. é antes, um atestado da diferença de status q existe entre homens e mulheres. e a tendência inclusive, é de equivalência.

q poder de consumo se a renda média da mulher é menor q a do homem? o fato da mulher ser alvo do mercado publicitário mostra apenas q temos q nos preocupar com muito mais coisas e gastar muito mais dinheiro para ter uma existência minimante reconhecida. temos obrigações com roupas e estética q homem nenhum tem. até aventais médicos femininos são mais caros (chegam a custar mais q o dobro) q os masculinos. q vantagem existe em gastar a maior parte da renda pra manter uma aparência q serve mais ao homem do q à mulher? e, ironia, aparência q é cobrada pelos homens (o famoso mulher tem q ser “feminina”) e ao mesmo tempo criticada pelos homens (mulher fútil q se preocupa com aparência, q demora pra se arrumar). td pressão sobre as mulheres tem um único objetivo: controle, manter mulheres eternamente preocupadas em atender ao olhar masculino. vc sabe disso. mas NUNCA admitirá.

quem é mais livre? aquele q levanta de manhã, toma um banho de 5 min, veste uma roupa despojada, passa as mãos pelos cabelos e sai, ou aquela q tem q gastar não sei qtos minutos do final de semana pra pintar o cabelo e fazer não sei q tratamentos estéticos, escolher roupa pq não pode repetir, fazer escova pq não pode ter um fio fora do lugar, rebocar a cara pq o trabalho exige maquiagem...

não temos, ainda, a liberdade de fazer td o q os homens fazem. vc tb sabe disso, mas é mesquinho e egoísta demais para reconhecer isso. e se fosse de fato verdade q vc reconhece nossa igualdade, estaria contradizendo os machistas idiotas. poderia até criticar alguma ação do feminismo, mas com absoluta certeza, criticaria de forma contundente os machistas idiotas. mas vc simplesmente não faz isso. suas falas são apenas cortina de fumaça. essa história de reconhecer igualdade e liberdade é mentirosa, é falsa!!

Cora disse...


voto conquistado às duras penas em 1932. resultado do movimento feminista, esse tão desnecessário, perigoso e mentiroso.

depois de 450 anos de defasagem entre a educação de homens e mulheres, realmente, neste aspecto, as mulheres mostraram a sua força. considerando q somente a partir de 1960 (putz! 1960! outro dia mesmo!) as mulheres tiveram maiores chances de cursar o ensino superior, logo a partir de 1990 as mulheres ultrapassaram os homens. em apenas 30 anos!! isso dá esperança sem dúvida. e teve muita contribuição do movimento feminista nessas conquistas, apesar do desconhecimento quase completo da história do feminismo brasileiro.

as mulheres têm filhos. são as responsáveis pela renovação da população. veja os incentivos q européias têm recebido para terem filhos na tentativa de barrarem o envelhecimento da população. como se vê, existem interesses muito maiores do q a preocupação pela mulher enqto indivíduo.

qdo se precisa diminuir as taxas de natalidade, incentivo à contracepção. qdo se precisa aumentar as taxas de natalidade, incentivo à gravidez.

sem contar as necessidades óbvias de atender a mulher, já q para termos crianças, precisamos de mulheres. por isso os programas sobre saúde materna. o foco está sempre na saúde reprodutiva ou na assistência maternal, como vc quer, felipe. sempre o foco na maternidade, exatamente como vc acha q deve ser. tá reclamando do q?

fêmeas investem muito mais energia na reprodução do q machos. fato biológico, como vc gosta. e é esse fato biológico q explica a atenção à saúde da mulher.

vc sabe q mulheres tem a mesma capacidade de realizar trabalho físico q homem. já mostrei isso pra vc em relação ao corte de cana. o problema é apenas q o sistema econômico exige produtividade absoluta e aí está a vantagem masculina. como tem maior massa muscular, faz mais em menos tempo. por isso ainda prevalece. mas, considerando q mulheres sempre substituíram homens no trabalho qdo necessário, aguardemos os próximos acontecimentos.

e é mentira q mulheres começam a trabalhar mais tarde. pode ser assim pra classe média-alta. pra maioria do povo, mulheres começam a trabalhar cedo. começam a trabalhar em casa, ainda crianças, substituindo a mãe qdo esta trabalha fora, e tb casam e tem filhos cedo, interrompem o trabalho formal durante a criação dos filhos e retornam ao mercado formal com mais idade.

td esse palavrório é, no fundo, desnecessário, pois estamos falando da violência simbólica e moral q ainda subjaz na sociedade e permeia tds as relações entre o masculino e o feminino. é dessa opressão q falamos aqui. evidente q houve avanço no status social e político da mulher (e q haverá muito mais, ainda, quer vc queira quer não. isso independe da minha ou da sua vontade), mas os trotes universitários, o índice de violência contra a mulher, a própria internet e as campanhas de linchamento moral de garotas q fazem o q garotos fazem (numa demonstração de q não existe a igualdade q vc quer acreditar q exista), mostra q existe ainda uma diferença de status social entre o masculino e o feminino. diferença q pessoas como vc querem manter ou aprofundar, fazendo retornar aos níveis anteriores, qdo não havia vozes discordantes falando para tanta gente.

mas, pra sua tristeza, existem cada dia mais mulheres e homens q acreditam nessa igualdade e não a temem. é td questão de tempo.

recorro novamente ao mario quintana:

“(...) porque são os passos que fazem os caminhos!”

qto mais passos, mais visível o caminho e mais fácil a caminhada.

viva com isso, felipe. e já q vc respeita tanto assim a liberdade da mulher, deixe a gente em paz. vc não foi capaz, sequer, da honestidade de assumir sua ideologia.

mas uma coisa é inegável: vc não decepciona!! nunca.

e depois dessa, concordo com a Bárbara e com a anon, já deu mesmo!